Este projeto teve início em 2018 com o objetivo de compreender e identificar o comportamento cultural do macaco-prego, um primata neotropical. Este macaco inteligente e curioso exibe diversos comportamentos, incluindo o uso de ferramentas, que são semelhantes aos de nossos ancestrais, apesar de uma história evolutiva de 40 milhões de anos os separar. Isso faz dos macacos-prego um modelo alternativo interessante para a compreensão da cultura humana.

  • Adult male capuchin monkey using a stone to dig for roots.
  • Capuchin monkey using a stick probe tool

O projeto reuniu uma equipe internacional de pesquisadores de diferentes áreas de especialização. Primatólogos, geneticistas, arqueólogos, botânicos e biólogos colaboram para entender por que as populações de macacos-prego exibem comportamentos tão distintos, apesar de viverem em ambientes semelhantes.

Locais atualmente em estudo pelo projeto Capcult (pontos vermelhos). Locais de estudos passados estão em amarelo.

A primeira fase do projeto foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), National Geographic Society, e Leakey Foundation, e era baseada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.

Nesta primeira fase, mapeamos oito populações de macacos-prego e identificamos comportamentos de uso de ferramentas em algumas destas populações.

Em 2024, o projeto foi selecionado como parte do novo financiamento Wildlife Intelligence Project, bancado pela National Geographic Society e Templeton World Charity Foundation, como uma iniciativa para apoiar projetos sobre inteligência animal.

O projeto está agora sediado na Neoprego e irá estabelecer bases de pesquisa de longo prazo na Serra da Capivara e em Ubajara.

Objetivos

A fase atual do projeto visa comparar duas (e potencialmente mais) populações de macacos-prego para compreender a diversidade no comportamento de uso de ferramentas e outros comportamentos, bem como os fatores que afetam a presença, a variação e o desenvolvimento desses comportamentos. Coletaremos dados para estudar a ontogenia e os fatores proximais que afetam o uso de ferramentas de sondagem e sua distribuição por sexo. Também pretendemos compreender a produção de lascas associada a certos comportamentos de uso de ferramentas de pedra e utilizar esse conhecimento para discutir o surgimento da produção de lascas na linhagem humana. 

Questões principais

  • Seriam os fatores ecológicos os principais responsáveis pelas diferenças no uso de ferramentas?
  •  Existe alguma diferença genética significativa entre as populações? Isso pode explicar algumas das variações no uso de ferramentas?
  • Quais comportamentos relacionados ao uso de ferramentas podem ser considerados traços culturais?
  • A diversidade cultural é a mesma em todas as populações? 
  • Como são criadas as "lascas" dos macacos-prego, e elas diferem entre as populações?
  • Por quanto tempo os macacos-prego utilizam ferramentas de pedra e produzem lascas em cada população?
  • Como se desenvolve o comportamento de uso de ferramentas de sondagem nessas populações?
  • O uso de ferramentas de sondagem está relacionado a um viés de sexo associado a um baixo retorno de alimentos? 

Pessoas

O projeto é composto por uma equipe altamente qualificada de cientistas de diversas áreas, que se uniram para estudar esse tema, alguns dos quais também são membros da Neoprego.

PESQUISADOR PRINCIPAL

DR. TIAGO FALÓTICO

Tiago Falótico

Tiago é biólogo, etólogo e primatólogo. Ele também é um National Geographic Explorer e um dos fundadores da ONG Neotropical Primates Research Group (Neoprego).

Ele estuda macacos-prego selvagens e outros primatas há mais de 20 anos e agora lidera o projeto de longo prazo CapCult. Seus estudos com macacos-prego no Parque Nacional Serra da Capivara foram o ponto de partida para este projeto. Essa população exibe o comportamento de uso de ferramentas mais complexo e diversificado entre os macacos-prego conhecido até o momento e serve como comparação inicial para os outros locais de estudo do projeto.


PESQUISADORES

PROF. DR. MARIA CÁTIRA BORTOLINI

Prof. Maria Cátira Bortolini

Bióloga e geneticista com vasta experiência em diversidade genética populacional, ancestralidade genômica e povoamento das Américas. É professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua equipe estudará a variância genética entre e dentro das populações em estudo.


Dr. Tomos Proffitt

Dr. Tom Proffitt

Tom é um arqueólogo do Paleolítico com experiência em análise lítica, análise SIG e arqueologia experimental. Ele coordena e realiza trabalhos de campo arqueológicos em diversas partes do mundo. Seu interesse reside em explorar as variações diacrônicas e sincrônicas nos conjuntos líticos dentro do registro arqueológico do Paleolítico para melhor compreender a tecnologia dos hominídeos primitivos, sua expertise técnica e seus padrões de uso da terra.

Além disso, desde 2016, ele está envolvido no desenvolvimento do novo campo da arqueologia de primatas. Ele tem especial interesse nas áreas de uso de ferramentas por primatas e tecnologia percussiva dos hominídeos primitivos. Atualmente, ele conduz um trabalho de campo de longa duração sobre arqueologia de primatas-prego no Parque Nacional Serra da Capivara, no Brasil, com foco na compreensão da assinatura arqueológica do uso de ferramentas de pedra por esses animais. 


ESTUDANTES

MSC. TATIANE VALENÇA

Tati Valença

Tati Valença é bióloga, etóloga e primatóloga. Possui mestrado em Comportamento Animal e é doutoranda na Universidade de São Paulo. Atualmente, realiza um período de colaboração com a Universidade de Konstanz e é pesquisadora visitante no Instituto Max Planck de Comportamento Animal, em Konstanz, Alemanha. Seus interesses abrangem ecologia e a conservação da cultura animal.

Ela começou a estudar macacos-prego em 2013, durante sua graduação. Faz parte do Projeto CapCult desde sua criação, tendo atuado como técnica em 2019/2020, quando coletou e analisou dados comportamentais e ecológicos em diversos locais de estudo. Desde 2020, ela vem estudando os macacos-prego-barbudos do Parque Nacional de Ubajara com mais detalhes, descrevendo seu repertório de uso de ferramentas e investigando o papel da vida terrestre no uso de ferramentas.


MSC. Henrique Pereira Rufo

Henrique P. Rufo

Henrique é biólogo e primatólogo, com pesquisa em Comportamento Animal, focada no uso de ferramentas e aprendizagem social em macacos-prego. Durante seu mestrado em Psicologia Experimental na Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu pesquisa com uma tarefa experimental voltada para o uso inovador de ferramentas de madeira e os mecanismos de aprendizagem social envolvidos na difusão da solução da tarefa. Atualmente, Henrique é doutorando no mesmo departamento, pesquisando a ontogenia e a aprendizagem social do uso de ferramentas de pedra para escavação por macacos-prego no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí. Ele também tem interesse em cultura animal e estudos comparativos.


BSC. GABRIELA DE OLIVEIRA AFFONÇO

Gabriela Affonço

Gabriela é bióloga e trabalhou como assistente de pesquisa em 2022/2023, coletando dados comportamentais sobre o uso de ferramentas por macacos-prego no Parque Nacional de Ubajara. Atualmente, cursa mestrado no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, onde estuda fragmentos líticos de ferramentas de macacos-prego provenientes do Parque Nacional de Ubajara e do Parque Nacional Serra da Capivara. Este estudo abrange análises morfológicas e tecnológicas dos objetos, bem como análises biomecânicas de comportamentos de quebra de cocos e de fragmentação de pedras.


ALUMNI

Pessoas que participaram do projeto no passado.

  • Amanda Christina Macedo
  • Andrews Michel F. Oliveira Nunes
  • Beatriz Cabrera Santana
  • Giulia Sirianni
  • Guilherme Henrique Mugnaini
  • Luiza Gonzalez Ferreira
  • Mariana D. Fogaça
  • Matheus Albertin De Jesus
  • Michele P. Verderane
  • Paulo Henrique M. Coutinho
  • Tatiana Espinola
  • Vivian Heloise Tavares de Sousa

Publicações e resultados

Os resultados deste projeto estão listados na página Publicações .


Financiamentos

Este projeto é atualmente financiado por:

Financiadores anteriores do projeto incluem Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), The Leakey Foundation, e Marie Skłodowska-Curie Actions.